quarta-feira, 8 de maio de 2013

Civilidade

Sérgio Buarque de Holanda consagrou a expressão homem cordial discorrendo sobre cordialidade e civilidade. Sua definição de civilidade é proporcional à ética, à modernidade, à renovação, à educação, pois o indivíduo que tem como prerrogativas a civilidade é, e deve ser, cordial, ético e principalmente educado, tanto nas ações quanto no comportamento. Os códigos morais regem a conduta dos membros de uma comunidade, de acordo com princípios de conveniência geral, para garantir a integridade do grupo, a convivência pacífica e o bem-estar dos indivíduos que o constituem. Assim, o conceito de pessoa moral se aplica apenas ao sujeito enquanto parte de uma coletividade. Portanto, moral coaduna com ética e respeito, e estes são a base de qualquer grupo civilizado.


Engana-se quem pensa que civilidade é uma matéria relacionada a senhores pomposos e mesas cobertas de talheres esquisitos. Mas é verdade que o tema foi tratado por cavalheiros com quilometragem de pelo menos alguns séculos. Tudo o que disseram, porém, sobre a necessidade de convenções sociais para promover a boa convivência e administrar conflitos permanece de urgente contemporaneidade. 

Quando Schopenhauer, o gigante da filosofia alemã do século XIX, dizia que as pessoas deveriam seguir o comportamento do porco-espinho - se fica muito perto de seus pares, morre espetado; se fica muito longe, morre de frio -, não estava pensando no uso do telefone celular em público, mas bem que poderia. 
Thomas Hobbes, um dos gênios do pensamento político produzidos pela Inglaterra, constatou no século XVII que em estado natural, sem as construções sociais, "a vida do homem é solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta". Em outras palavras, um congestionamento em São Paulo em dia de chuva. Por isso, emergem leis necessárias, entre as quais que "os homens cumpram os pactos que celebrarem" (e não parem em fila dupla, por exemplo) e "não declarem ódio ou desprezo pelo outro por atos, palavras, atitude ou gesto" (e não façam perfis falsos na internet). 
Especialistas em ética e comportamento fazem análises e sugestões nesse pequeno manual das virtudes da civilidade. Todo mundo pode aprender - e até lucrar com elas. "O stress é causado em grande parte por relacionamentos humanos mal resolvidos. Se melhorarmos a capacidade de nos relacionar, teremos menos brigas, menos stress e, consequentemente, menos processos e pessoas doentes", diz o italiano Piero Massimo Forni. Professor da Universidade Johns Hopkins e um dos maiores especialistas mundiais no estudo da civilidade, ele até calculou o custo da falta dela nos Estados Unidos: 30 bilhões de dólares por ano. Já pensaram se ele conhecesse o Congresso brasileiro?
Porque escrevo estes pontos, simplesmente por serem básicos para a nossa evolução. Vejo motoristas utilizando vaga de idosos e deficientes, atropelamentos, xingamentos, motoristas alcoolizados, drogas, donos de casas de entretenimento com super lotação desnecessários, processos entre outras pela simples falta de capacidade de comunicação, bom senso e justiça.
Infelizmente, cada "ser" tem sua própria verdade e faz questão de impor esta, não consegue aceitar as diferenças, respeitar o próximo, muitas vezes nem percebe que existe um próximo, tem uma vaga reservada fácil no shopping, porque não utilizar?
Precisamos reaprender aquelas palavrinhas mágicas como, Bom Dia, Por Favor, Obrigado, Desculpe, com Licença  entre outras. Em algumas culturas é gravíssimo a não utilização destas palavras, passamos por atrasados, no quesito civilidade e acredito que realmente somos um país novo que temos muito que aprender, veja Inglaterra, Índia o próprio EUA apesar de serem extremamente competitivos são mais educados e cordiais do que nós.
Até existem várias explicações, mas vejo muitas delas como desculpas ao egoísmo, arrogância de muitos. Podemos fazer estudo da evolução, colonização, invasões mas não podemos mais utilizar estas explicações para um comportamento reprovável.

Poderíamos facilmente viver melhor, mas a cultura da malandragem, dos oportunistas, aproveitadores estão muito forte e, quando faz uma gentileza, isto sempre gera uma aproveitador, mas, pode ter certeza, que o mundo será melhor se muitos aderirem a pequenas gentilezas e cobrarem quando perceberem a falta dela.

Abraços

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